15 - A Doce Canção da Flor de Lótus

I

            Dois garotos estavam a caminhar no litoral. A luz do sol refletida em suas peles dava um ar de soberania, diferentes das pessoas ali, eles estavam vestindo roupas de viagem, como quem acaba de chegar de uma viagem, ou está prestes a ir.

            -Você não me disse quem iremos encontrar aqui. –Disse o menor.

            -Não vi necessidade para isso, além do mais se eu te contasse você não viria. –O garoto respondeu apontando para uma garota que estava distraída bebendo sobre a areia da praia.

            O menor serrou os olhos e abriu de leve a boca, incrédulo com o que estava vendo.

            -Você me fez sair do Alasca me trouxe para alguma cidade do estado de Washington que não faço ideia do nome, para se encontrar com Lucy, com Lucy, cara você sabe que ela é doida né?!

            -Quem é doida? –Disse a garota por trás dele.

            -Oiii... Tudo bem, a gente estava dizendo que a aeromoça do avião que pegamos era doida. –Disse o menor.

            -Ele estava me criticando por ter vindo te encontrar, e disse que você era doida. –Disse o outro garoto.

            O menor o encarou incrédulo, ele não conseguia pensar que seu amigo fosse tão vacilão aquele ponto.

            A garota e o outro começaram a rir.

            -É por isso que eu te amo Elion. –Disse Lucy. –Você sempre é sincero e diz as coisas na cara, e principalmente te adoro quando vejo você vacilando com esse Zé Ruela.

            -Eu também te amo Lucy. –Disse Ed. –E por nada, por ter vindo de uma cabana maravilhosa no Alasca só para olhar pra essa sua cara linda.

            Lucy sorriu e disse.

            -Eu sabia que você me achava linda, obrigada.

            -E a propósito. –Ed disse olhando para o relógio. –São apenas dez horas, por que você está bebendo a essa hora?

            -Nada em especial, só comemorando a compra da minha nova calcinha.

            -An?

            -Ed, Lucy beberia para comemorar a cor nova de sua unha, e nós não estamos aqui para debater que horas ela deve ou não beber. –Elion o advertiu. –Feliz aniversário Lucy. –Ele disse sorrindo, abraçando-a.

            -Obrigada, por vir.

            -Não precisa agradecer, eu sei que sou um de seus únicos amigos, e sei que sou o único que poderia estar com você hoje.

            Lucy abaixou a cabeça, não foi preciso muito tempo, Elion sabia muito bem, que a garota mais forte e sarcástica que ele já conheceu estava chorando.

            -Hei! Não fica assim. –Ele disse segurando seu rosto.

            Ela se jogou em seus braços, envolvendo-o  num forte abraço.

            -Eu te amo Elion, não sei o que faria sem você. –Ela falou descendo sua mão por suas costas. –E também não saberia o que eu faria sem essa sua bunda deliciosa. –Ela finalizou apalpando o garoto.

            Ed começou a rir vendo do constrangimento e da cor avermelhada do rosto te seu companheiro.

            -Lucy tá bom me solta.

            -Por quê? Tá começando a ficar bom agora, vamos até o quarto do seu hotel, Ed não vai se importar em me emprestar você por algumas horas.

            Elion corou mais ainda e disse gaguejando.

            -Ho-hora? C-como a-assim?

            -Você me entendeu. –Disse ela com a voz mais cínica do que nunca.

            Alguém  se aproximou dos garotos e disse.

            -Desculpe-me atrapalhar, mas preciso fala com você, Senhorita Christie.

            Lucy soltou a bunda do garoto e disse.

            -Você de novo, cara, eu sei que sou sexy coisa e tal, e que sou extremamente difícil de esquecer, mas você tem que me deixar em paz, sabia?!

            -Pai amado eu mereço. –Disse ele. –Eu só vim lhe propor mais um caso.

            -E do que se trata? –O maior disse se aproximando.

            -O senhor seria? –Disse o agente do FBI.

            -Meu nome é Elion, detetive particular e o senhor? –Ele disse estendendo a mão.

            -Jonas, agente do FBI.

            -Ele é o chefia por aqui, Elion, e apesar de ser um gato, é extremamente chato, acredita que ele roubou meu broche? –Disse Lucy. –E roubou também a minha calcinha.

            -Por Deus garota, eu não roubei seu broche, você que o deixa largado em todos os lugares.

            -Mas assuma que roubou minha calcinha, seu tarado.

            Ed aproximou-se do outro e disse a seu ouvido.

            -Essa menina é escrota.

            Elion o encarou e respondeu-lhe.

            -Igual a você.

            -Céus, eu já lhe disse que não peguei sua calcinha, dava pra você me deixar em paz. –Jonas disse perdendo a paciência.

            -Mas foi você que veio atrás de mim.

            -Santa mãe, você vai me ouvir ou não?

            -Não estou interessada em receber nenhum caso que venha de você! –Lucy respondeu bebendo um pouco de sua cerveja.

            -Eu estou. –Disse Elion se aproximando.

            -Era o que faltava, lá vai o enxerido querer se meter com mais um problema. –Ed disse consigo mesmo. –Quando é que vou realmente ter férias.

            -Quando morrer. –Lucy disse olhando para ele. –Quer uma faca?

            -Há, há. –Disse Ed com sarcasmo se aproximando do agente e dos outros dois.

            -Sobre o que se trata esse caso? –Elion perguntou.

            -Venha comigo até a casa funerária, lá vocês entenderão tudo.

            Os três começaram a seguir o agente e entraram em seu conversível preto.

            Não levou muito tempo e o carro parou em frente a uma antiga construção, que com a última reforma recebeu traços semelhantes ao da idade média. Eles desceram do automóvel e adentraram na casa, os três jovens seguiram Jonas em silêncio até uma parte subterrânea da casa, onde o senhor James embalsamava os corpos.

            -James? –Disse Jonas.

            -Olá senhor, Senhorita Samanta?

            Os outros a encaram com uma cara que dizia (Samanta?)

            A garota começou a rir e disse.

            -Como vai senhor funerário?

            Sem entender os olhares dos outros três, James respondeu a garota quando Jonas disse.

            -Por favor, James, conte a eles o que você me disse.

            -O.K. Vejam. –Ele disse retirando o lençol de cima de um cadáver. –Ultimamente vem tendo uma série de assassinatos, todos envolvendo mulheres, não há nenhuma característica envolvendo raça ou status social, são apenas mulheres, todas foram encontradas vestidas de branco com uma flor de lótus em uma das mãos e uma navalha na outra.

            -Então teremos que encontrar um serial killer? –Disse Elion.

            -Não apenas um serial killer, as mortes tem algo mais em comum. –James voltou a falar. –Todas as mulheres foram encontradas com um corte na garganta, e todos os corpos estão faltando uma coisa.

            -E o que seria? –Lucy perguntou.

            -As cordas vocais.

            -O quê? –Os três falaram em uni som.

            -Foram feitas perfeitas cirurgias que removeu as cordas vocais delas, e não é só isso: por favor, olhem as marcas que estão nos pulsos, no calcanhar e  próximo à boca, essa remoção de órgãos foi feita com elas conscientes, o assassino não usou nenhum tipo de anestesia, elas sofreram toda a dor dos cortes e se debateram ao máximo, a ponto de se machucarem e ficarem com essas marcas roxas.

            -Que horrível. –Disse Ed.

            -Que foda. –Falou Lucy.

            -interessante. –Concluiu Elion.

            O jovem investigador olhou para Jonas e disse.

            -O FBI já tentou fazer alguma relação entre elas, suponho.

            -Há duas semanas quando o primeiro corpo foi encontrado, apenas conseguimos os dados da pessoa, foram feitas várias investigações, pessoas foram interrogadas, mas não chegamos a nenhuma conclusão. Três dias depois aconteceu novamente, foi aí que percebemos que o ocorrido não era algo familiar ou pessoal, tentamos fazer uma relação entre elas, mas não conseguimos nada, dai o número de vítimas foram aumentando, estava claro que havia uma mente psicopata por trás de tudo, e quando vimos o desempenho da senhorita Christie ontem, vimos que ela seria a pessoa perfeita para o caso.

            -Entendo. –Elion disse olhando rapidamente para a garota. –Nenhuma das câmeras de segurança da cidade gravou nada?

            -Não. –O agente respondeu. –Todos os corpos foram encontrados em pontos cegos.

            -Becos e vielas?

            -Exatamente.

            -Impressão digital?

            -Nada, a não ser a flor, que achamos ser alguma espécie de assinatura do assassino.

            -Há vários anos, havia um assassino que também deixava uma flor na cena do crime, era uma rosa branca, a polícia nunca o pegou, e certo dia ele se entregou como parte de um jogo criado por ele, e por mais incrível que pareça ele era um homem normal e bem casado. –Elion disse.

            -E o que aconteceu? –Jonas perguntou.

            -Diferente desse psicopata ele escondia os corpos, um detetive chamado David Culivan, Buligan, huhivan, David alguma coisa, encontrou os corpos, aí o assassino se matou, mas isso não vem ao caso, o importante é que as vítimas daquele assassino tinha algo em comum, algo minúsculo, e é isso que devemos procurar aqui, fazer uma relação entre elas. –Elion olhou para James e disse. –Suponho que o senhor tenha arquivos com a identificação das garotas.

            -Sim ele tem. –Jonas respondeu. –O FBI tem uma cópia dos mesmos, senhor James, poderia nos mostra os arquivos?

            -Mas é claro, por favor, queiram seguir-me.

            O funerário levou os quatro até seu escritório, onde retirou de um armário algumas pastas de arquivos individuas.

            Enquanto James separava os arquivos, Elion olhou em direção a uma prateleira vendo uma espada servindo como decoração, antes que desse por conta ele estava a pegando e a retirando de sua bainha.

            Ao ver os desenhos entalhados na espada sua expressão ficou pensativa, seus pensamentos foram quebrados pela mão de Lucy em seu ombro.

            -Vamos, quero acabar logo com esse caso para comemorar meu aniversário.

            Elion sorriu em resposta e recolocou a espada onde estava.

            -Aqui estão todos os dados recolhidos das garotas.

            Após comparar todos Elion e Lucy chegaram a uma conclusão.

            -As garotas tinham algo em comum. –Disse Lucy.

            -Teatro, caraoquê, shows. –Elion disse em seguida.

            -Nada profissional. –Disse Jonas. –Era apenas um passatempo de acordo com as famílias delas, e mesmo assim não é nada em comum.

            -Apesar de você ser gato, você é bem lento, não? –Disse Lucy para o oficial.

            -Eu também não entendi. –Ed disse por fim.

            -Cala boca Zé Ruela, ninguém te chamou para a conversa, falando nisso, por que você está aqui mesmo, até onde eu me lembro, eu convidei Elion para meu aniversário, não me recordo de pedir para você vir junto.

            Antes que Ed pudesse responder Elion deu uma risada irônica e abraçou Lucy.

            -Depós vocês discutem, temos assuntos importantes para tratar aqui.

            -Okay. –Lucy falou se dirigindo agora ao agente. –As peças teatrais que algumas delas fizeram eram musicais, ou seja, todas tinham uma ótima voz para cantar, isso explica o fato do assassino retirar as cordas vocais.

            - Outra pista que temos sobre o caso. –Elion tomou a palavra. –É que o responsável sabe ao menos o básico de medicina para ter feito uma cirurgia com tamanha precisão.

            -E com a informação que todas cantavam. –Lucy estava falando dessa vez. –Chegamos a uma conclusão que as mortes não foram pelo acaso, que o responsável conhecia suas vitimas.

            -E isso não é a única coisa. –Continuou Elion. –Lucy fez uma pesquisa em seu celular e descobriu que cerca de vinte anos atrás havia um grupo de sete mulheres que se chamavam a canção de Lótus.

            -E o mais intrigante é que dessas mulheres encontradas mortas, três faziam parte desse grupo. –Disse Lucy.

            -Chegando assim à conclusão que o responsável é alguém desse grupo. –Afirmou Elion.

            -Em outras palavras, nossa mente psicopata é uma mulher. –Lucy falou.

            -Essa é apenas a conclusão óbvia, é claro, pode ter sido alguém relacionado ao grupo, isso é o que veremos a seguir.

            Ed, Jonas e James encararam os dois jovens boquiabertos, eles eram inacreditáveis, e estavam em uma perfeita sintonia.

            -Acho que tem algo que vocês devem saber. –Disse o funerário. –Minha ex-esposa fazia parte desse grupo, canção de lótus.

            -Podemos começar com ela então. –Propôs Elion.

            Ouviram-se alguns passos se aproximando.

            -Senhor. –Disse Eva. –Mais um corpo foi encontrado.

            Alguns agentes entraram empurrando uma maca.

            -O nome dela é Helena Grar.

            -Não, não. –Disse James se aproximando da maca, retirando o pano de cima do corpo. –Mas essa é minha esposa.

            -Ótimo. –Disse Lucy. –Menos uma para interrogarmos.

            Ed abaixou a cabeça em negação à atitude da garota.

            -Nos restam agora apenas Abigail, Muriel, e Samantha. –Lucy falou sem se importar com o gesto do garoto.

           

II

            -Vamos nos separar, para não perdemos muito tempo, Lucy você vai interrogar Abigail e eu vou interrogar Muriel, nos encontramos na casa de Samantha em seguida.

            -O.K. Mas eu quero ir com Ed. –Falou ela com malicia na voz.

            Lucy se lembrava da conversa quando desceu do carro seguido por Ed e por Erva.

            -Essa é a casa? –Ed perguntou.

            -Não, nós paramos aqui em frente para seguimos a pé. –Lucy respondeu.

            Antes que os dois pegassem uma discussão Eva tocou a campainha.

            Eles entraram pelo portão da frente, sendo acompanhados por um mordomo até uma espécie de jardim de inverno, que ficava nos fundos da casa.

            -Senhora Jackson, essas pessoas trabalham para o FBI e gostariam de falar com a senhora.

            -Obrigada Augustus, pode se retirar. –Disse Abigail.

            Abigail Jackson era uma bela mulher negra de cabelos cacheados, sua pele era sedutoramente bem tratada, seus olhos eram castanhos, ela estava tocando violino quando foi interrompida pela chegada dos agentes, além de bela, era talentosa.

            -No que posso ajudá-los? –Perguntou ela.

            -Há um certo tempo a senhora junto com outras seis mulheres faziam parte de um grupo chamado a canção de lótus, lembra-se?

            -Isso já faz mais de vinte anos, mas sim.

            -As participantes desse grupo junto com outras mulheres estão sendo mortas, quatro delas já morreram, e é dever do país proteger a senhora e sua casa dessa mente criminosa.

            -E o que eu poderia fazer a respeito? –Perguntou Abigail.

            -Gostaríamos que a senhora primeiramente nos contasse o porquê da separação do grupo?

            -Éramos todas jovens. –Respondeu ela. –De acordo com nosso empresário tínhamos futuro em nossas carreiras como cantoras, mas a maioria de nós tinha sonhos, queríamos ser engenheiras, médicas, a única que desejava seguir carreira era eu, até que um dia o grupo se separou, eu ia continuar seguindo com carreira solo mais acabei sofrendo um acidente, e esse acidente me incapacitou de cantar.

            -Então você resolveu fazer faculdade como as outras? –Ed perguntou.

            -Sim, me formei em medicina, não queria que outra garota passasse pelo que eu passei.

            -Por que a senhora ficou incapacitada de cantar?

            Jackson sorriu e disse.

            -Tive que fazer uma cirurgia e acabei perdendo minhas cordas vocais.

III

            -Senhora Muriel. –Elion falava olhando para uma mulher loira com os canelos presos em forma de ninho. –Por que o grupo de mulheres do qual a senhora fazia parte acabou?

            -Algumas das garotas tiveram que sair por motivos pessoas, meu pai, por exemplo, queria me ver formada, ele disse que depois que eu tivesse o diploma nas mãos, poderia fazer o que eu quisesse de minha vida, mas depois que o grupo se separou, não víamos necessidades para refazê-lo.

            -E por que não? –Jonas perguntou.

            -Umas das garotas, Abigail, ficou incapacitada de cantar, e como ela era a mais talentosa do grupo, se tornou insubstituível, incapacitando o retorno do grupo. Nosso empresário lamentava, ele até tentou procurar outra garota, mas era impossível, ninguém tinha tanto talento feito Abigail.

            -A senhora depois desse ocorrido, continuou tendo contato com as outras participantes? –Perguntou Elion.

            -Não senhor.

            Jonas pegou algumas fotos numa pasta de arquivos e espalhou sobre a pequena mesa da sala de estar.

            -A senhora conhece alguma dessas garotas? –Ele perguntou.

            -Não senhor. –Respondeu Muriel.

            -Creio que seja apenas isso. –Disse o agente, levantando-se.

            -Muito obrigado pela sua ajuda. –Disse Elion se levantando e seguindo Jonas até o carro.

            Ao entrar, Jonas o encarou e disse.

            -Posso lhe fazer uma pergunta?

            -Suponho que já esteja fazendo. –Respondeu o garoto.

            -Quando encontrei vocês na praia hoje, meio que vi a forma como Lucy estava te tocando.

            Ao ouvir aquilo Elion começou a corar.

            -Você é o namorado dela? –Perguntou Jonas por fim.

            Elion ficou aliviado com a pergunta e disse.

            -Não, ela é apenas uma velha amiga, ela é apenas um pouco doida, mas que o normal por assim dizer.

            -Que bom. –Disse o agente.

            -Por quê? Não me diga que? –Elion encostou-se ao banco do carro sem saber o que falar. –Você está apaixonado por ela? –Ele perguntou por fim, mas não obteve uma resposta do agente.

IV

            Ao chegarem ao destino final, Elion viu que Lucy já estava conversando com o porteiro do prédio onde Samantha morava.

            -Chegaram bem na hora. –Ed disse olhando para Elion.

            -Vamos. –Disse Eva para os garotos e saiu seguindo o porteiro e Lucy.

            Jonas foi atrás dela, mas antes que Ed continuasse, foi parado pelo maior.

            -Espera. –Disse ele.

            -O que foi? –Ed perguntou.

            -Jonas, ele está apaixonado por Lucy. Elion falou baixo.

            -O quê?

            -O que você ouviu.

            -Ele tá fodido.

            -Eu sei. –Elion respondeu.

            -Você vai ter que contar pra ele.

            -Não mesmo. –O mais novo respondeu.

            Ed começou a rir e disse.

            -Se você não contar, eu conto.

            -Não se atreva Ed, esse assunto não nos diz respeito, e também não sabemos o que se passa na cabeça de Lucy, vai que ela resolve dar uma chance a ele.

            Os dois começaram a rir.

            -Tão tá né. –Ed disse entre os risos.

            Os dois entraram no apartamento de Samantha Fox, quando viram Jonas ao lado de Lucy.

            -Eu vou contar pra ele. –Falou Ed.

            -Não se atreva. –Elion disse socando o ombro dele.

            -Então senhora Fox, a senhora reconhece alguma dessas garotas? –Eva perguntou mostrando as mesmas fotos que seu chefe mostrou a Muriel.

            -Apenas essa. –Disse uma mulher de cabelos curtos. –Eu assisti a um musical, e ela estava fazendo o papel principal.

           

V

            -Voltamos á estaca zero. –Erva falou.

            -Quem disse isso? –Lucy a questionou. –Creio que Elion e eu chegamos a mesma conclusão, não? –Disse ela olhando para o garoto.

            Ao perceber sua deixa Elion disse.

            -Mas é claro, essa foi uma das investigações mais simples e clichê que já peguei.

            -Tá de sacanagem, né. –Eva falou          .

            Os dois a encararam e disseram em uni som.

            -Por que estaríamos?

            -Pensa comigo, as sete integrantes do grupo, além da voz, tinham mais uma coisa em comum. –Lucy começou.

            Eva, Jonas e Ed apenas os encaravam em silêncio.

            -Vocês são lentos hein, e ainda se dizem agentes do FBI. -A garota disse por fim.

            Elion tomou a palavra e disse.

            -Além do talento, elas tinham o mesmo empresário, e esse foi o que saiu mais prejudicado com a separação do grupo.

            -Se as mulheres encontradas mortas fossem apenas participantes desse antigo grupo, iríamos deduzir que o responsável mais óbvio era a senhora Jackson, afinal de contas ela teria motivos para arrancar esse talento das jovens, isso sem levar em consideração que a mesma é formada em medicina, e saberia melhor do que ninguém fazer tal cirurgia. –Disse a senhorita Christie.

            -Mas com o depoimento de Muriel, deduzimos que o mais prejudicado com a separação do grupo foi o empresário, ele tentou de todos os meios fazer o grupo ficar em pé, e acabou não conseguindo, Abigail resolveu seguir carreira solo, mas com o incidente isso não foi possível, as garotas mortas que não têm ligações com o antigo grupo, nada mais são do que mulheres que recusaram a proposta de Nichol para trabalhar para elas, ele as matou, o único fato que resta descobrir é por que levou tanto tempo para ele começar a matá-las,  por que só agora? –Elion se questionou.

            -nós já havíamos feito uma pesquisa e chegamos a uma conclusão. –Disse Lucy olhando para seu celular.

            Elion sorriu para a garota e disse.

            -E qual seria, Minha Cara?

            -Há algumas semanas ele perdeu tudo de acordo com esse blog de fofocas. Aparentemente após a morte de sua esposa, o fracassado empresário, Nichol perdeu todos os seus bens em apostas no jogo.

            -Então vamos prendê-lo. –Disse Eva.

            -Você é apressadinha assim ou nasceu de sete meses? –Falou Lucy mandando a garota esperar. -Após perder tudo para o jogo, Nichol se atirou no lago e se afogou. –Lucy olhou para os outros e disse. –A data de postagens da notícia foi há duas semanas.

            -E assim se vai nossa teoria de que ele é o assassino.

            -Então agora voltamos para a estaca zero? –Perguntou Eva.

            -Não necessariamente. –Elion respondeu. –nós já havíamos conferido a possibilidade do agente delas ser o assassino, e nós também não afirmamos que havia sido ele, e sim que ele teria motivos por ser o mais prejudicado.

            -Mais uma pessoa saiu prejudicada nessa história toda. –Disse Lucy.

            -E quem seria? Jonas perguntou.

            -A esposa do funerário. –Elion respondeu.

            -Mas ela está morta. –Ed falou um pouco confuso.

            -Sim está, e há um motivo para as outras três últimas participantes estarem vivas. –Lucy começou. –Abigail, Muriel e Samantha. Abigail queria continuar na carreira mesmo sozinha, quando a possibilidade do grupo retornar surgiu, Muriel e Samantha aceitaram a proposta na hora, junto de Helena é claro, mas as demais se recusaram a voltar. Todas as outras garotas estavam formadas e bem sucedidas, já Helena não, ela casou-se com um agente funerário, e teve uma vida limitada, diferente das demais garotas, então ela resolveu se vingar delas e de todas as outras que se recusaram a entrar no grupo, interrompendo dessa forma, o sonho que ela tinha de se tornar uma estrela da música pop.

            -Mas por que só agora ela resolveu matar as outras mulheres, como ela arrancou as próprias cordas vocais? –Jonas perguntou.

            -Quando eu fui ontem para a casa funerária com a senhorita Eva, percebi que James tinha certo cuidado com sua espada, e mesmo ela sendo de prata, ele a polia com medo de enferrujar, isso sem falar que ele só havia comprado àquela espada porque seu filho assim o pediu. Então pesquisei um pouco e descobri que o filho dele Marcos de sete anos de idade tinha tuberculose e acabou falecendo alguns dias depois que James comprou a espada, e é por isso que ele tem tanto zelo por ela, ela é a única lembrança que ele tem de seu único filho.

            Elion continuou de onde Lucy parou.

            -Então após a morte de seu único filho, Helena viu que sua vida não valia a pena, e acabou se revoltando e fez o que fez. Após matar a última das garotas que lhe tirou o sonho de ser famosa, ela se vestiu de branco e com uma flor de lótus em mãos ela se deitou e cortou a própria garganta, ficando assim da mesma forma que as demais que ela matou com uma única exceção que diferente das demais, ela não tinha marcas nos bolsos ou na boca, percebemos de imediato que ela não havia reagido aos cortes. E antes que eu me esqueça, quando se é esposa de um funerário, não precisa ser formada em medicina para saber fazer um corte para retirar um órgão do corpo.

            -Isso foi inacreditável. –Jonas disse por fim.

VI

            A noite havia chegado, Jonas resolveu compensar os garotos com uma pequena festa de aniversario para Lucy.

            A pista de dança estaria vazia se Lucy não estivesse obrigado Elion a dançar com ela.

            E numa versão mix de  Holy Ground de Taylor Swift, os dois arrasavam na pista, quando foram interrompidos pelo agente.

            -Lucy. –Disse ele. –Podemos conversar.

            Lucy sorriu em resposta e saiu acompanhado o agente.

            Ed aproximou-se de Elion e disse.

            -Essa eu não vou perder por nada.

            Elion começou a rir e disse.

            -Nessa tenho que concordar com você. –Ele voltou a rir.

            Jonas levou Lucy para um lugar mais calmo.

            Elion e Ed ficaram observando de longe, mas em uma distância que dava para ouvir a conversa.

            -Bom, eu não sei como dizer isso, então vou direto ao ponto. –Jonas começou. –Eu te admiro em segredo há muito tempo, Senhorita Christie, e acho que estou gostando muito de você, e gostaria de ver no que isso vai dar, então senhorita Christie, meio que eu estou lhe pedindo em namoro.

            Lucy apenas o olhava séria.

            -Então, o que você me diz? –Jonas voltou a falar.

            -Você tem uma irmã? –Perguntou Lucy.

            -Não, por quê?

            -Por que ela teria mais chance de ficar comigo.

            -Perdão.

            -Eu sou lésbica. –Ela finalizou com um ar de superior, dando-lhe as costas, voltando para a festa.

            Lucy encontrou Elion e seu amigo rolando no chão de tanto rir, Ed estava praticamente chorando sem ar e sem conseguir para de rir.

            -Bem que eu queria ter dito a ele. –Ele falou entre os risos.

            -E estragar essa cena, eu nunca iria permitir isso. –Elion falou entre os risos.

            Lucy começou a rir junto com os outros garotos ao perceber o que havia acabado de fazer.

            O celular de Elion vibrou duas vezes rapidamente, uma mensagem havia acabado de chegar.

            Ainda rindo ele a abriu e ao lê-la, ele soltou o aparelho no chão, chamando a atenção dos outros dois que pararam de rir ao ver que os olhos do maior estavam cheios de lágrimas.

            Elion saiu correndo em direção ao banheiro, Ed começou a segui-lo, mas foi interrompido por Lucy.

            -Espera, olha isso. –Ela disse mostrando o celular do garoto para o mais velho.

            -Ai meu Deus. –Foi a única coisa que Ed conseguiu falar.

            -É melhor que eu fale com ele. –Lucy disse esperando a aprovação do garoto.

            Ed abaixou a cabeça em aprovação então ela dirigiu-se ao banheiro masculino da boate onde encontrou seu amigo jogado no chão de uma das cabines.

            -Você está bem? –Perguntou ela.

            -Não. –Respondeu ele entre lágrimas.

            -Quando eu perdi meus amigos, eu também fiquei mal, eu sei o que você está passando agora.

            Elion a encarou com o rosto todo molhado e disse entre soluços.

            -E-ele era o amigo m-mais do-ce que já tive, era de longe a melhor pessoa que passou por minha vida, ele não merecia ter morrido, ele não.

            -Eu sei, eu estive com ele algumas vezes, e sei que ele é de fato um amor de pessoa, mas chorar não irá trazê-lo de volta.

            -E o que é que você quer que eu faça? Você quer que eu fique bem, depois que o garoto mais doce, gentil e melhor amigo que alguém poderia ter morreu?!         -Não, eu sei o que é perder alguém que amamos, eu perdi alguns, você sabe disso, então me deixa cuidar de você da mesma forma que Satch cuidou de mim.

            -Eu quero matar quem fez isso com ele.

            -Você vai fazer o que achar melhor, mas depois que esfriar a cabeça, eu estou com alguns assuntos pendentes para resolver no Japão, por favor, venha comigo, eu sei que vai lhe fazer bem.

            -Eu não estou afim. –Elion falou secando os olhos.

            -Você não vai me negar isso, é meu aniversário, e você não me deu presente, então ir comigo nessa viagem será o melhor presente que você poderia me dá, depois a gente volta, pega Ed e vamos à França visitar o túmulo de seu amigo, está bem? – Finalizou Lucy com um sorriso.

J. Aeff